Stop e siga
Uma agente saúda-me com um “Boa noite” seco e bate continência. Fico sempre sem saber o que fazer quando batem continência, sei que é protocolar, mas dispensava aqueles segundos ridículos em que tenho um agente em rigor mortis à minha frente a imitar um bengaleiro. Lá me pede os documentos e no momento que procuro a carteira gera-se o momento da noite. Tinha a carteira dentro da bata que por sua vez estava dentro de uma mala. Pois bastou puxar a bata e o estetoscópio (que inadvertidamente veio enrolado no meio) para tudo se alterar. Antes de poder sequer tirar a carta oiço de imediato um “Tenha uma boa noite, obrigado pela colaboração e pode seguir.” Intrigado sobre a minha “colaboração” lá segui viagem, passando pelos outros condutores que iam mostrando documentos e soprando balões, como se de uma grande festa se tratasse.
Claro que na altura foi bom, mas agora que penso nisso… estou indignado.
1 – Porque não me convidaram a soprar o balão? Pela minha condição de presumível médico foi-me rejeitado o direito a beber ou a consumir substâncias ilícitas? Imagino-me a entrar no bar e alguém me dizer “Peço desculpa mas não lhe posso vender álcool, o senhor usa bata!!”.
2 – Por ter sido tomado por médico estou automaticamente habilitado a conduzir sem precisar de mostrar carta? “Este senhor sabe coser cabeças, CLARO que sabe conduzir”?!
3 – Vendo pela positiva, vou começar a usar sempre a bata, não só a conduzir, mas também nas filas do supermercado, no cinema, na fila para a casa-de-banho de manhã…