sábado, junho 25, 2005

Stop e siga

Recordo um episódio que vivi há cerca de três meses. Vinha eu do Hospital de São Francisco Xavier às 3 da manhã depois de um banco muito tranquilo, quando dou de caras com uma operação stop da BT. Juntamente com outros 7 ou 8 veículos recebo ordem para entrar na via lateral da Avenida 24 de Julho e todos os carros são cercados por agentes da BT que, qual fans loucas por autógrafos, se aproximam das janelas dos veículos.

Uma agente saúda-me com um “Boa noite” seco e bate continência. Fico sempre sem saber o que fazer quando batem continência, sei que é protocolar, mas dispensava aqueles segundos ridículos em que tenho um agente em rigor mortis à minha frente a imitar um bengaleiro. Lá me pede os documentos e no momento que procuro a carteira gera-se o momento da noite. Tinha a carteira dentro da bata que por sua vez estava dentro de uma mala. Pois bastou puxar a bata e o estetoscópio (que inadvertidamente veio enrolado no meio) para tudo se alterar. Antes de poder sequer tirar a carta oiço de imediato um “Tenha uma boa noite, obrigado pela colaboração e pode seguir.” Intrigado sobre a minha “colaboração” lá segui viagem, passando pelos outros condutores que iam mostrando documentos e soprando balões, como se de uma grande festa se tratasse.

Claro que na altura foi bom, mas agora que penso nisso… estou indignado.
1 – Porque não me convidaram a soprar o balão? Pela minha condição de presumível médico foi-me rejeitado o direito a beber ou a consumir substâncias ilícitas? Imagino-me a entrar no bar e alguém me dizer “Peço desculpa mas não lhe posso vender álcool, o senhor usa bata!!”.
2 – Por ter sido tomado por médico estou automaticamente habilitado a conduzir sem precisar de mostrar carta? “Este senhor sabe coser cabeças, CLARO que sabe conduzir”?!
3 – Vendo pela positiva, vou começar a usar sempre a bata, não só a conduzir, mas também nas filas do supermercado, no cinema, na fila para a casa-de-banho de manhã…

quarta-feira, junho 22, 2005

Fogo!

Frase do dia na nossa comunicação social a propósito do incêndio que lavrou hoje no distrito de Leiria: "Inferno desceu a Fátima".
Sem dúvida, um dia feliz para Satanás.

terça-feira, junho 21, 2005

Respect

Por muito que tente ignorar, o facto é que simplesmente não sou respeitado e hoje confirmei todas as minhas suspeitas nesse campo.
O meu mecânico, depois de levar o meu carro à inspecção, EMPURROU-O até às minhas mãos. Que fique claro que quando digo “empurrou” estou a falar realmente de ver o meu carro chegar até mim graças ao esforço físico do mecânico e de mais dois homens que passavam na rua naquele momento, e na ausência de qualquer actividade do motor que não a simples existência física. (E tudo isto na presença de um carta verde que me diz ter um veículo livre de avarias e apto a circular até Junho de 2006)
Lá tive a minha crise nervosa a pensar que ia NOVAMENTE fazer um post sobre as aventuras e desventuras do meu carro (principalmente as desventuras) e finalmente conseguiu-se esclarecer o que aconteceu (desta vez). O dotado mecânico conseguiu entregar o carro não apenas livre de qualquer avaria, mas também livre de qualquer gasolina. E eu pago para ser tratado desta maneira… realmente eu mereço ser gozado.

Discussão:
1 - O tempo que o carro demora a ser reparado é directamente proporcional à quantidade de gasolina que o carro tem dentro do depósito no momento em que o confio ao mecânico.
2 - Logo que o mecânico consegue gastar toda a gasolina, o carro está pronto a ser devolvido.

Conclusão: Para um serviço expresso o truque é entregar o carro já na reserva.

Para turista ver

Há pessoas cheias de paciência. O blog já está linkado no Louca-mente desde o seu início, mas este trabalho do Post Production merece mesmo uma referência em especial. Para quem tem curiosidade de saber o que encontra um turista quando chega à capital este é um post a não perder:

domingo, junho 19, 2005

Ilusão óptica


Esta semana o Louca-mente está a oferecer testes de visão.
Brinque com os seus sentidos graças a esta fantástica ilusão óptica! Se olhar para a imagem com atenção, ao fim de alguns segundos vai conseguir ver um barco no fundo da fotografia.

Não conseguiu? Não desista já e continue a tentar. Algumas pessoas levam muito tempo até conseguir.

sábado, junho 18, 2005

SOS Racismo

O dia acaba e sinto em mim uma mágoa que contraste com o “orgulho branco” de quem se manifestou hoje em Lisboa. Hoje, na cidade que me viu nascer e onde sempre vivi, foi prestada a saudação nazi enquanto se cantava o hino nacional… envergonho-me por quem o fez.
Não sou indiferente à criminalidade, mas nada justifica apoiar ideias racistas e xenófobas em nome da “segurança”. É legítimo substituir o medo de roubos por discriminação étnica? “Sei tudo sobre a realidade do meu país, de manhã os brancos acordam e vão trabalhar, os pretos acordam e vão roubar.”

Hoje, 400 pessoas participaram numa manifestação, num gesto provocatório partiram do Martim Moniz, um dos locais da cidade onde mais se cruzam pessoas de origem africana e asiática. O cabelo rapado foi moda e como não acredito que tanta gente tenha decidido cuidar dos piolhos na mesma semana, penso que grupos skinheads terão aproveitado a ocasião para dar uma corzinha à careca. Gritou-se “Portugal aos Portugueses” e “Orgulho branco”, insultaram os imigrantes e até se tentou um linchamento de um suposto assaltante, tudo em nome da segurança.

Cegados pelo preconceito rejeitam os imigrantes com a mesma força com que ignoram o nosso passado. Há pouco anos Portugal era um país de partida para quem procurava uma vida melhor, durante anos fomos nós “os pretos” de França, Alemanha, Estados Unidos, Canadá… Os que tiveram sorte voltaram para começar uma nova vida, e quem sabe se alguns não tiveram hoje o orgulho de ver hoje os seus filhos rejeitarem a mesma oportunidade a quem procura o nosso país para trabalhar de forma honesta.

No dia do arrastão, com que já tanto brinquei aqui, 50 delinquentes, na sua maioria negros (os famosos 500), assaltaram em Carcavelos. No mesmo dia milhares de negros trabalharam de forma honesta e com as mesmas dificuldades que todos nós vivemos, mas por poucos pagam muitos. Aponto o dedo aos criminosos, não apenas aos criminosos negros; quero ver protegidos os inocentes, não apenas os inocentes brancos.

SOS Racismo
Blog do SOS Racismo

Chain


E após meses a resistir às chains na blogosfera, finalmente vou ceder às pressões do JP e do seu Oranginalidade (agora que cumpri as tuas exigências espero em breve a libertação da minha família).

1. Qual o último filme que viste no cinema? O último filme que fui ver ao cinema – Colete de Forças. O último filme que vi dos que estão no cinema – White Noise… é preciso explicar ou já todos conhecem o universo e-mule?

2. Qual a tua sessão preferida? A das 21h30. O filme funciona como sobremesa e depois ainda há tempo para ir sair, sentar numa esplanada e discutir de que forma o filme poderá ter mudado a minha vida…ou então embebedar-me.

3. Qual o primeiro filme que te fascinou? Quem Tramou Roger Rabbit? O filme data de 1988 mas a verdade é que só descobri quem realmente tramou o Roger uma década depois, quando vi o filme pela quarta ou quinta vez. Não sei bem porquê mas suspeito que pairasse um feitiço sobre mim que me impedia de ver o filme até ao fim obrigando-me sempre a ficar sem saber como acabava. Agora tudo mudou e já vi o filme mais três ou quatro vezes.

4. Para que filme gostarias de ser transportado? Depende da intenção com que a pergunta foi formulada. Se estamos a falar de ser literalmente transportado, então talvez a melhor opção seja o Zona J do Leonel Vieira, porque basta apanhar o metro para Chelas e não perco muito tempo já que este fim-de-semana é de estudo. Em termos figurados a opção recai no universo Matrix por dois motivos:
a) Porque no fundo acredito que nada disto é real e se passo tanto tempo no computador é porque estou à espera de ser contactado pelo Morpheus.
b) Porque o Oranginalidade já escolheu o Star Wars e o The Lord of The Rings.

5. E, já agora, qual a personagem de filme terias gostado de conhecer um dia? São várias as personagens que gostaria de conhecer:
A Solange do Vesgas e Badalhocas III para… falar do tempo
O Master Yoda para lhe recomendar terapia da fala
O pessoal do Matrix para discutirmos essa maldita mania de andar sempre de óculos escuros mesmo dentro de casa e à noite.

6. Que actor(actriz)/produtor(a)/realizador(a)/argumentista gostarias de convidar para jantar? Clint Eastwood. Curiosamente encaixa em todas as categorias e até mais, mas o que realmente gostaria de discutir com ele era uma eventual mudança de ramo. Talvez a música ou a pintura, quem sabe. Por muito que tente não consegui nunca ultrapassar a expressão “You've got to ask yourself one question: Do I feel lucky? Well, do ya?” ou a mais marcante ainda “Go ahead, make my day”. Talvez ouvindo-as cara a cara subitamente conseguisse reconhecer o talento deste jovem.

7. A quem vais passar o testemunho? Vou passar esta encomenda... ao Pegadas na areia, ao Hipócrates e às Três Mosqueteiras.

sexta-feira, junho 17, 2005

Santos Impopulares


Enquanto o país festeja os santos populares, há uma dúvida que novamente me atormenta a cabeça – se Santo António, S. Pedro, e S. João são os santos populares, quem são os santos impopulares?
Depois de uma longa pesquisa o Louca-mente conseguiu apurar quem são os santos impopulares e quais os símbolos típicos das suas festividades:

São Estroce, padroeiro dos arrumadores. É festejado com rolos de jornais ou revistas e moedas de 50 cêntimos. É tradição riscar as viaturas dos que não aderem às festividades.

São Goucha, padroeiro das velhas gaiteiras e da distracção. Está sempre presente mas é festejado durante as épocas de exame. Nessa altura, e apesar de tão monótono como no resto do ano, consegue tornar-se estupidamente interessante e descentra as atenções dos livros. Os seus festejos acompanham os de Santa Fátima Lopes e de São Jorge Gabriel.

São Flácido, padroeiro dos impotentes. Festejado com comprimidos azuis e consultas no psiquiatra. Na noite de São Flácido é tradição convidar as mulheres mais bonitas da povoação e… não acontecer nada.

quarta-feira, junho 15, 2005

Ainda arrastando

Ainda a propósito do arrastão em Carcavelos, estou cá desconfiado que o Correio da Manhã anda a dar emprego a jornalistas do Tal e Qual ou d’O Crime. Gostei muito de ir ao site do CM e ler uma série de títulos sensacionalistas dignos dos tablóides britânicos.

Logo a abrir temos o “Levaram tudo à frente”, dá a sensação que o assalto foi feito com recurso a maquinaria de obras ou locomotivas, e que se deu em Carcavelos um monumental atropelamento colectivo.
Depois temos outro grande título – “Arrastão vem do Brasil”. É realmente verídico, o pessoal das favelas do Rio de Janeiro juntou uns trocos, fretaram três aviões e agora é vê-los a viajar pelo Mundo. Paragem em Carcavelos para reunir fundos para descer ao Algarve e agora é juntar o produto do saque para continuar a viajar.
Remate final, e o meu favorito – “Liberdade foi ameaçada” – Confesso que depois deste título esperava ler qualquer coisa como “Ditadura militar com recolher obrigatório declarada em Carcavelos”, “Assaltantes põem fim à democracia em Portugal” ou “Governo cai na sequência do caso Carcavelos”. Encontraremos alguma relação com as recentes mortes no panorama nacional comunista?

Outra curiosidade que me deixou a pensar foi esta grande notícia que passo a citar “Fontes policiais contactadas pelo Correio da Manhã admitem que os incidentes na praia de Carcavelos poderão ter sido organizados.”… A sério? Pensei que tinha sido uma possessão colectiva por um espírito maligno.

segunda-feira, junho 13, 2005

Santos populares


Chegou à altura do ano em que os Lisboetas se transformam em formigas gigantes e formam carreiros gigantes que convergem pelos becos e ruelas dos bairros mais antigos da capital, para alcançar a tão desejada sardinha assada e música pimba.
A verdade é que adoro o espírito festeiro Português. Os outros países têm as paradas militares, nós temos as marchas populares!
Já imaginaram a guerra neste contexto? Espanha invade Portugal, um temível confronto com militares, tanques e balas contra varinas, arcos e manjericos.

domingo, junho 12, 2005

Carga!!!


Depois de Carcavelos e Quarteira, os “Arrastão” prosseguem a sua digressão pelas praias de Portugal. Continuando a promoção do seu álbum de estreia “Passa para cá os trocos ou corto-te todo”, têm espectáculo marcado para a Figueira da Foz no dia 15 e Junho, Nazaré no dia 17 e Sines no dia 22. Fazem depois uma pausa até Julho para descanso do pessoal.

Dada a grande dimensão do grupo está a ser divulgado na net um conjunto de informações essenciais para melhorar a relação dos “Arrastão” com o público. Entre outras medidas, pede-se aos veraneantes que se disponham na praia de forma organizada, em filas paralelas à linha da costa, respeitando um espaço entre filas de 1.5m e lateral de 1,0m. O dinheiro deve estar organizado por ordem crescente do valor das notas e guardado em conjunto com o telemóvel, relógio e jóias.
Quanto a distribuição de tarefas, face à aproximação dos Arrastão, e caso o veraneante pretenda oferecer resistência, deverá requisitar a presença de um técnico armado durante o seu assalto. Ao fazê-lo será possível ouvir nos megafones espalhados pela praia “Patinador armado chamado ao chapéu verde”. Os últimos 20 elementos do grupo farão a distribuição gratuita de souvenires facadas, hematomas e fracturas, sendo também responsáveis pela venda de t-shirts autografadas pelo seu assaltante preferido e com a inscrição “Arrastão – Summer Festival 2005 – Eu estive lá”.

quinta-feira, junho 09, 2005

Mecaniceiro


Porque é que sempre que o meu carro avaria, o meu mecânico resolve a situação com abanicos, sopradelas, pancadinhas e pó de talco? Será que ele cuida de bebés com alicates, chaves inglesas e parafusos?
Às vezes só desejava que ele fosse mais parecido com os outros mecânicos, que assumem facilmente que uma peça pode facto avariar de forma irreversível e necessitar de ser substituída.
Olho para o meu carro como se ele fosse uma daquelas agências de viagem de natureza duvidosa, que só funciona em regime de ida porque o regresso é sempre feito de transportes públicos.

Sei que é estúpido, mas secretamente parte de mim já deseja ouvir “Xiii isto vai ter de levar tudo novo, vai custar um dinheirão, mas do que está aqui nada se aproveita.”. Claro que a minha resposta, depois de um breve momento de tristeza, será “Pai… que tal um carro novo?”.

quarta-feira, junho 08, 2005

Martunis 2 - o regresso

Depois do tsunami e do mediatismo em torno da camisola da selecção portuguesa, Martunis volta a ser notícia no Louca-mente.
Martunis visitou Portugal e foi convidado de honra no jogo da selecção nacional frente à Eslováquia, no estádio da Luz. Apesar de ter conhecido as suas estrelas preferidas, nem tudo correu para o jovem indonésio.

Na sequência de uma queixa-crime apresentada pela família de Martunis, foi hoje detido um adepto português acusado de ser o responsável pelo início da onda mexicana que várias vezes percorreu as bancadas do estádio da Luz. Na opinião do pai de Martunis, trata-se de uma tremenda agressão à integridade psicológica da criança que ainda não recuperou do trauma da primeira onda, e não hesita em afirmar que os 40 000 euros que recebeu no dia do jogo serão todos gastos em terapia para o jovem.

Em resposta a tais acusações a Federação Portuguesa de Futebol já anunciou a proibição da onda mexicana, que será substituída pela palmas sevilhanas, bem como o início de uma nova campanha de recolha de móveis para Martunis esperando que três ou quatro novas mobílias de quarto ajudem a criança a recuperar do trauma mais rapidamente.

Fontes não oficiais revelaram ao Louca-mente que quando se ouviu no estádio “Vem aí a onda!!!”, Martunis rapidamente vestiu a camisola da selecção francesa e os calções da selecção alemã… ainda não se percebeu qual o significado de tal gesto.

domingo, junho 05, 2005

O código dá 20


Em fim-de-semana de repouso pós exame aproveitei para visitar a Feira do Livro de Lisboa. Habitualmente nesta altura do ano costumo estar isolado do Mundo a estudar afincadamente, mas uma graça do calendário de exames permitiu-me fazer esta escapadinha.
Adoro a feira do livro mas acho que o excesso de oferta atrofia-me a capacidade de escolha e acabo por não conseguir fazer opções. Este ano reparti-me entre livros para o curso, essenciais para os exames que ainda tenho para fazer, e as habituais leituras para os tempos livres.

Entre as escolhas da vertente lazer está o já sobejamente conhecido “O Código Da Vinci”. Começava a sentir que não ter lido esta história já representava um factor de exclusão social. Depois de resistir durante meses a fio às tendências da moda que ditaram que 50% da populaça iria ler este livro durante os primeiros 2 meses que sucederam o lançamento, resolvi render-me à crítica e à curiosidade e vou finalmente ler o livro. Primeiras impressões: é um livro bem concebido, com 15 por 23 cm, não muito pesado, a miúda da capa ficou bem na foto… até agora está a agradar bastante.

Em relação ao resto da feira do livro, a imperial está fresquinha, os tremoços são caros demais e quanto a churros e farturas a melhor opção é a barraca do lado norte.