terça-feira, novembro 15, 2005

Manif

Foi no dia 9 que 2000 estudantes do ensino superior, a maioria de Coimbra, se juntaram em Lisboa para se manifestarem pelos seus direitos. Confesso-me solidário com os pilares desta manifestação, a verdade é que nenhuma universidade se inibe de estabelecer a propina máxima, mantendo, apesar disso, condições de ensino precárias, muitas vezes em instalações arcaicas e incompatíveis com a preparação dos alunos de acordo com os conhecimentos e técnicas mais modernos, para que possam ingressar no mercado de emprego da melhor forma possível.
Mas as coisas não correram bem. É difícil lutar pelos direitos dos estudantes quando nem mesmo entre eles (nós) a comunicação funciona. A manifestação não reuniu o apoio das associações académicas de Lisboa e Porto, e os poucos ficaram menos ainda quando não chegou a um consenso quanto ao destino da manifestação – Assembleia da Republica ou Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. É nestes momentos que rapidamente se distinguem três tipos de pessoas:
1 – Os idealistas/sonhadores/lutadores (5%) – Aqueles a quem presto respeito, os verdadeiros lutadores das causas perdidas, mas que sabem o que querem e que estão dispostos a, paralelamente ou até mesmo sacrificando os estudos, desenvolver actividades de luta pelos direitos dos estudantes.
2 – Os “ya essa cena!” (20%) – Vieram porque o amigo do lado também veio. Estão cá para lutar contra “aquela cena das propinas, e aquilo das vagas e o caneco”. Em boa verdade não sabem bem do que se trata, mas estão contra, porque sim! Acabam por ter a utilidade por fazerem barulho e ocuparem espaço. Quando se grita qualquer palavra de ordem eles gritam também, quando é preciso mostrar um cartaz eles conseguem segurá-lo e, infelizmente, às vezes acabam a dar entrevistas para a TVI.
3 – Os borgas (75%) – Os concertos da Latada 2005 acabaram e, à falta de melhor, alinham em vir para Lisboa, para beber umas cervejas, passear um bocado, curtir um dia de borga e voltar para casa meio bêbedo a dizer “granda manif!”. Entre a Assembleia e o Ministério preferem o Elefante Branco e o Bingo do Sporting, e se alguém lhes perguntar o motivo da sua presença a resposta será invariavelmente “Mãe estou aqui!!!”

É nesta triste realidade que a TVI lança a reportagem “O que querem os alunos?”
1ª Pérola – o que está contra: “Estamos contra a propina máxima e a propina mínima, não queremos é pagar nada.”
2ª Pérola – contra… contra… aquela cena! “Viemos manifestar-nos contra o… o… orçamento de estado!” Hein?? E já agora contra o código de estrada e a declaração dos direitos dos animais.
3ª Pérola – o fala-caro: “Viemos aqui lutar pela REVOGAÇÃO dos nossos direitos!”

É meu!!!

Chega o momento de pôr fim ao silencio neste blog, pelo menos ao meu silencio já que muitos foram os que se manifestaram. Não sou indiferente aos comentários que são dirigidos aos textos, principalmente quando os comentários me visam directamente. Nunca uma efémera durou tanto como neste blog. Resolvi ver qual era o feedback que esta campanha publicitária estava a ter na blogosfera e outros tipos de sites, e uma coisa é certa, o anúncio cativou atenções e, como tal, grande parte da sua tarefa está cumprida. Depois do que aqui li não foi com grande surpresa que descobri verdadeiros templos de veneração à qualidade técnica e conceptual do anúncio, mas o facto é que da mesma forma que não sinto necessidade de comentar esses blogs questionando as opiniões dos seus responsáveis também não posso consentir que um espaço que é só meu para dizer o que vai pela cabeça, seja usado para me insultar por pensar de forma diferente. Para quem tira lições de vida de anúncios de televisão de dois minutos e meio (e, quem sabe, de frases em pacotes de açúcar ou borras de café no fundo da chávena) era bom que alguma multinacional se dedicasse a estimular o sentido de humor, o gosto por um sorriso, a inocência de uma piada, o respeito pela opinião alheia e, já agora, o gosto por uma identidade. Resumindo e concluindo, e em bom português, em minha casa (e no meu blog) quem manda sou eu… porra!... pronto e os meus pais também.

Recados dados, chegou o momento de seguir em frente. Após o isolamento para reflexão, veio o isolamento por problemas técnicos. Vai-se lá saber porquê, parece que a Microsoft não gosta de CDs do Windows “repetidos”… pulhas. Mas tudo está resolvido e parece que alguns dos textos que durante uns tempos voltaram aos meus livrinhos de apontamentos poderão sofrer uma actualização para o formato digital.

Ponho uns óculos escuros, inclino-me para trás, abro os braços, e num momento muito “Amália” exclamo para aqueles que puxam por mim “Obrigado, obrigado… palminhas, obrigado.”

Ah! E porque não quero mais polémicas e a Voda… coisa ainda não me mandou o cheque para pagar a publicidade que aqui tiveram, este post não é para comentar! Porquê? Porque no meu blog quem manda sou eu!... porra!