segunda-feira, outubro 24, 2005

Vive a vida como a efémera

Sinto que a Vodafone não nos anda a contar a história toda…
Curioso com o anúncio da efémera e o conceito de “a vida dura apenas um dia, vive intensamente”, resolvi pesquisar um pouco. A Hexagenia spp nasce de ovos depositados no fundo de rios; no estado de ninfa continuam a crescer em meio aquático durante meses ou anos (dependendo da espécie) até alcançarem o estado adulto, aí sai da água e vive durante apenas algumas horas, no máximo dois ou três dias. Na sua curta vida adulta a efémera voa e reproduz-se ininterruptamente em grandes enxames, sem nunca pousar, sem nunca descansar, sem se alimentar, até morrer de exaustão. Nessa altura centenas de cadáveres acumulam-se no leito de rios e servem de substrato nutritivo para os descendentes. A título de curiosidade estão relatados acidentes causados por verdadeiros massacres de efémeras que se acumulam em estradas ou passeios tornando o piso escorregadio.
Voltando à Vodafone, onde querem eles chegar com o conceito “vive a vida como a efémera”? Estarão eles a propor aos clientes que passem a maior parte da vida enterrados em cadáveres e a comportarem-se como necrófagos alimentando-se dos próprios pais, para depois subitamente deixarem de se alimentar e morrerem numa orgia suicida? Releio as minhas últimas palavras… de que forma “voltei à Vodafone”? Em tudo o que pesquisei não percebo onde entra o telemóvel na vida da efémera. Este conceito de fazer publicidade descontextualizada confunde-me e rapidamente recordo outros exemplos, como o sapo com flatulência do operador de Internet com o mesmo nome, ou os inexplicáveis orgasmos provocados por um champô com aromas exóticos. Já viram se a moda pega? Imagino o próximo anúncio da Optimus… “A galinha-da-índia não tem continência de esfíncteres e defeca sem controlo durante todo o dia… mas pensa que isso a preocupa? OPTIMUS… SEGUE O QUE SENTES”.

sábado, outubro 22, 2005

O que as mulheres querem

É uma dúvida que assola qualquer solteiro… afinal o que querem as mulheres? Com esta frase acabo de fazer uma introdução muito ao estilo da Sarah Jessica Parker na série Sexo e a Cidade, mas a questão é legítima e até já deu o filme What Women Want com Mel Gibson. Em conversa com uma amiga concluímos aquilo que não é mais do que a confirmação de tudo aquilo a que assisto diariamente – as mulheres não gostam dos bonzinhos! Começando por me auto-caracterizar vejo-me como um romântico, adoro uma boa sedução e quando gosto de alguém não hesito em demonstrá-lo até ao limite do meloso, o problema é que isso anula os “joguinhos de sedução” e a arte de “dar para trás” que dá emoção e cria desejo, o que me remete para outra conclusão tirada de uma conversa com o meu amigo J – ninguém gosta de ter alguém de bandeja (sim, é frequente ter conversas sobre as preferências femininas). A verdade é que ser bom, querido, romântico e dedicado é “fofo” e faz de um rapaz o “marido ideal”, mas o problema é que nesta altura ninguém quer um marido… nem eu quero casar, logo algo está MUITO errado na minha abordagem.
Reformulo os meus métodos: gostar de alguém – parece-me bem; dedicar-me a essa pessoa – sem dúvida; entregar-me de bandeja – nem pensar. Já não sou o bom da fita e para comprovar isso mesmo fiz este teste na net, aqui fica o resultado:


How evil are you?

Raios!! Parece que afinal ainda há muita reflexão para fazer.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Eu gosto de mamar nos peitos da cabritinha

Balanço do arraial de recepção ao calorio da Universidade Lusíada… grande noite! Por muito que a arrogância própria da idade nos instigue a assumirmo-nos como sofisticados desprezadores do produto nacional e ávidos consumistas do que se faz lá fora, não há nada como um bom concerto do Quim Barreiros. Ao fim de cinco segundos as máscaras caem por terra, o parolo que todos temos dentro de nós aflora pelos poros da pele e mostramos ser profundos conhecedores das letras de todas as músicas deste sósia do Saddam Hussein. Justiça seja feita, o senhor Barreiros domina a arte de puxar pelo público e no fim da noite saí de lá incapaz de articular um som que não soasse a talheres a rasparem no fundo de um prato. Apenas uma breve nota para quem começa agora a dar os primeiros passos no mundo do espectáculo popular, das festas da terrinha e dos arraiais: no momento de escolher um nome artístico, optem por nomes curtos, que fiquem no ouvido mas COM MAIS DE UMA SÍLABA! É muito complicado gritar “QuiiiiiÍÍÍÍÍm” durante uma noite inteira.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Furaquinho

Pensando em profissões com pouco stress deparo-me com a carreira de meteorologista em Portugal. É deveras confortável fazer previsões num país protegido das variações de clima por um “uniformizador de tempo” chamado anticiclone dos Açores. Graças a este escudo protector, as variações de clima durante 365 dias por ano resumem-se a “um pouco mais quente” ou “um pouco mais frio”. Mas eis que tudo muda na santa rotina dos meteorologistas quando subitamente a tempestade Vince surpreende tudo e todos e vira para Portugal em vez de seguir para solo americano.
Começa então o festival de notícias, depois da tempestade passar 250 quilómetros a norte da Ilha da Madeira começa por receber 1000 nomes, indo desde “furacão altamente destrutivo” a “tempestade tropical de categoria 1”. Pelo caminho passo pelas minhas duas fontes preferidas – agência Lusa e paragens de autocarro, e é na segunda que começo a ouvir explicações científicas mais elaboradas – segundo um jovem sexagenário ligeiramente ébrio “O VULCÃO vem (vinha) aí! A culpa é dos homens que foram à Lua!”.

No fim de contas tudo correu bem, a roupa de Verão continua nas gavetas e não tenho pressa de ir buscar camisolas e casacos quentes, quanto ao “furacão” as previsões dos meteorologistas acabaram por se confirmar na sua totalidade e a tempestade passou “afectando apenas a região norte do país acima de Viseu” que é como quem diz “a sul do Algarve”… confusos? Eu também.

domingo, outubro 09, 2005

Chakushin ari

(Post só para cinéfilos!) Sem vontade de falar de política num dia em que já aborrece ligar a televisão e ver sempre o mesmo, opto por falar de cinema e as atenções recaem sobre o filme japonês Uma Chamada Perdida (One Missed Call) de Takashi Miike. Não seria a minha primeira opção, nem mesmo a última já que desconhecia a sua existência, optaria pelo recém-chegado Serenity, nem tanto pelo argumento mas principalmente para saber que efeitos especiais e técnicas inovadoras levaram um filme a receber a inacreditável classificação de 8.6 no IMDB ficando instantaneamente ao lado de monstros como Star Wars.
No entanto influenciado por cinéfilos ainda mais informados que eu e aproveitando uma onda anti-hollywoodesca que uma certa pessoa me incutiu, rapidamente mudei de ideias e acabo na pequena sala 12 do Alvalaxia a ver uma verdadeira obra de arte do terror.
O cinema japonês é sempre um quebra cabeças para mim, a verdade é que não sou capaz de distinguir Japonesas, daí que num filme recheado de jovens do sexo feminino acabo por apenas conseguir dizer que distinguia 3 personagens – a criança japonesa, a jovem japonesa (que na minha opinião devia desempenhar 20 papéis diferentes no filme e era sempre a mesma pessoa) e a mãe japonesa.
Ajoelho-me e presto veneração à capacidade japonesa de produzir filmes de terror face aos filmes americanos. Já tinha chegado a essa conclusão em confrontos directos nos filmes Ju-on e a versão americana The Grudge ou a versão original de The Ring - Ringu face à sua homónima americana, e este filme confirma tudo isso. Há meses que comentava que já tinha saudades de um bom filme de terror e ontem encontrei-o. Esqueçam as manhas do cinema americano, não é preciso estar tudo escuro, nem efeitos do outro mundo, nem sons ensurdecedores que surgem inesperadamente. Em Uma Chamada perdida o terror é constante e faz-se com o ecrã bem iluminado, com as personagens bem à vista e de forma ininterrupta. E foi assim com grande alegria, que a meio do filme olhei para o lado e reparei que lado a lado, estávamos três marmanjos de 22 anos completamente borrados durante 20 minutos numa sequência brilhante de terror. Recomendo vivamente.

sexta-feira, outubro 07, 2005

Astronomia Tuga

E porque estamos todos fartos de reportagens cheias de pormenores técnicos acerca deste raro fenómeno, o Louca-mente faz a cobertura, ainda que com algum atraso, do eclipse vivido na pele do típico português. Em primeiro lugar convém retirar do vocabulário jornalística as palavras de influência estrangeira como eclipse, a definição correcta, e que me fartei de ouvir nos transportes públicos, é EUCALIPSO (já agora eucalipso anular por descrever a forma de um ânus). Ora o eucalipso é perigoso porque queima os córneos e por isso deve ser observado com filtros especiais que protegem os olhos. Após uma grande sondagem na qual foram feitos 3 questionários, um dos quais quase válido, num universo de 2 pessoas e um gato, com idades compreendidas entre os 14 e os 66 anos, foi possível apurar que relativamente a meios de protecção ocular as técnicas mais utilizadas foram:

- Radiografia, de preferência de um membro inferior ou do cotovelo. Se a pessoa usar óculos deve optar por protecção suplementar sobrepondo duas películas de radiografia ou usar uma película de TAC.
- Óculos de sol Ray Ban estilo aviador, que voltam agora a estar na moda e muito frequentes nos homens de 50 anos, geralmente utilizados em conjunto com sandália e meia branca.
- Negativos das fotos de família das férias no Algarve, geralmente a região ocupada pelo rabo da tia obesa enfiado dentro de um fato de banho amarelo fluorescente com flores é a que fornece maior protecção para os olhos.
- “Mine” – A garrafa da “mine” deve ser interposta entre o olho do observador e o sol, com o fundo da garrava virado para o astro eucalipsado e o gargalho voltado para o olho. Muito importante! Tirar a carica primeiro e beber o conteúdo.
- Óculos de protecção com filtros especiais vendidos em todas as farmácias – como último recurso, nitidamente não são a opção de eleição porque quem usou sabe bem que aquilo não dava para ver nada de jeito.