terça-feira, dezembro 27, 2005

A minha vocação

17 anos a estudar, para chegar ao 5º ano do curso de medicina e ouvir “Oh Pedro, tu que andas lá metido nos bancos e nas cirurgias, bem que podias ser tu a coser o peru!
Pai Natal, obrigado por este presente… após anos e anos na escuridão, finalmente percebo qual é o meu destino – recheador de perus. Agradeço aos que me iniciaram na arte da sutura, sem as minhas bases de cirurgia, este jantar não teria sido possível.
Garanto que o peru não soltou nem um gemido, e digam lá se não ficou bonito?

sábado, dezembro 24, 2005

Noel

E não poderia deixar passar esta data sem falar da importância do dia 14 de Agosto, pois é nesse dia que o Paquistão festeja o aniversário da sua independência do Reino Unido, desde 1947. O que é que isto me interessa? Absolutamente nada, mas apeteceu-me destoar dos desejos convencionais que fazemos neste dia.
Dito isto, confesso a minha imensa alegria por saber que após longas semanas de irritação finalmente poderei regressar a um centro comercial sem ter de ouvir vozes de crianças a gritar de forma estridente “Mas eu precisooooooo!!!” sempre que passam por um montra de brinquedos.
Tento entrar no espírito, mas a ausência de pessoas que sempre fizeram parte da minha vida durante esta época tira a emoção da data. Não quero ser ingrato para com os que estão comigo, não me abstenho de apontar a hipocrisia com que a data é vivida, mas gosto de ouvir a voz das pessoas que estão longe, e hoje não faltou ninguém. Porque as pessoas partem mas as datas ficam FELIZ NATAL A TODOS.

P.S.: Cuidado com a gripe das aves! Se o peru tossir no forno é melhor comer só o acompanhamento.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

The Corpse Bride

Não vou perder muito tempo a falar do filme, até mesmo porque não quero estragar a surpresa. Para quem já era fan do Tim Burton é imperdoável não ir ver The Corpse Bride durante as primeiras 24 horas de exibição, para quem só começa agora a conhecer o trabalho deste senhor (como eu), a surpresa não poderia ser melhor. Rendi-me ao seu génio.
Tudo isto apenas para dizer que às 13h45 de hoje eu estava lá, com outros dois Timaníacos, preparado para ver a primeiríssima sessão da estreia nacional do The Corpse Bride… e adorei!

segunda-feira, dezembro 19, 2005

King Kong

Acabadinho de chegar aos cinemas King Kong é mais um filme holywoodesco (carregado de efeitos especiais) baseado num clássico. O filme é pesado, não tanto pelo argumento que não traz grandes surpresas, mas sim por durar três longas horas das quais penso que se podia encurtar uns 30 minutos de cenas desnecessárias.
Este tipo de filmes está sempre sujeito a análises meticulosas como o detalhe do homem que cai à água mas no plano seguinte já está seco, ou o gorila que enfrenta 1 dinossauro sem o menor problemas mas depois tem dificuldades em libertar-se de 2 cordas atiradas pela tripulação. Mas nem são essas as minhas principais dúvidas, daí que sugiro a quem assistir ao filme que esteja atento a 2 factos:

1 – O gorila não era propriamente pequeno, nem usava cuecas, no entanto, em nenhum plano consegui realmente vislumbrar o… kong do king. Será que o nosso King Kong não seria antes uma Queen? Aquele temperamento deixa-me muitas dúvidas...

2 – Tentando agora entrar na cabeça dos caçadores de animais exóticos: portanto eu vou a uma ilha jurássica cheia de dinossauros, civilizações perdidas no tempo, insectos gigantes devoradores de homens, morcegos de 2 metros dignos de um filme de vampiros… e que achado inacreditável trago para mostrar às pessoas? Um gorila! O próprio Jack Black dentro de uma gaiola seria uma visão mais assustadora. Sinceramente acho que foi uma escolha desastrosa… mesmo se havia tanta necessidade de trazer um bicho realmente grande e assustador para causar impacto, penso que tinham opções melhores… não estou propriamente a ver as patinhas do T-Rex (outro king!) a conseguirem trepar as paredes do Empire State Building.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Pimpinha

Por muito chocante que vos possa parecer, há muita gente a escrever melhor que eu! A sério!! Juro!!! O post começou por se chamar “Porque te admiro tanto Nuno Markl?” mas achei demasiado roto, por isso limito-me a assumir o fascínio que sinto pelo sentido de humor deste senhor e tomo a liberdade de aqui transcrever um dos seus textos.

De Gutemberg a Pimpinha – Nuno Markl

Johannes Gensfleisch Zur Laden Zum Gutenberg. Nascido em 1398. Presume-se que tenha falecido a 3 de Fevereiro de 1468. Um operário metalúrgico e inventor alemão, a quem se deve, na década de 1440, a invenção da imprensa. O poder da criação de Gutenberg seria demonstrado em 1455, ano em que o inventor editaria a famosa Bíblia em dois volumes. Sim, a Bíblia de Gutenberg tornou-se num marco notável na História das palavras impressas.
Até ao passado fim-de-semana.

No passado fim-de-semana, o semanário português O INDEPENDENTE publicou, discretamente, no seu suplemento VIDA , uma coluna de opinião da autoria de Catarina Jardim. Quem é Catarina Jardim? Nada mais, nada menos do que a popular Pimpinha Jardim. Que fica desde já a ganhar a Gutenberg neste ponto – Gutenberg não tinha nenhum nome de mimo. Ele era capaz de gostar de ter um nome de mimo – não deve ser fácil ser Johannes Gensfleisch Zur Laden Zum Gutenberg – mas creio que ainda não era muito comum, na Alemanha do século XV, atribuírem-se nomes de mimo. Muita sorte se alguma das namoradas lhe chamou alguma vez JOGU, o único diminutivo aceitável de Johannes Gutenberg. E mesmo assim não é muito aceitável, porque soa demasiado próximo a iogurte, e isso é uma indústria completamente diferente daquela na qual Gutenberg se movia.

Voltemos então a Catarina Jardim e à sua coluna no jornal. O título do artigo é TODOS A BORDO, e trata-se – como o nome indica – de um relato detalhado sobre um cruzeiro a África que a jovem fez.

Ela diz, no início "O cruzeiro a África foi uma loucura, pode mesmo dizer-se que foi o cruzeiro das festas – como alguns dos convidados chamavam ao navio em que Luís Evaristo nos presenteou com MAIS UM Be One on Board". Gosto da maneira como ela fala, sem explicações nem perdas de tempo, de pessoas e iniciativas sobre as quais boa parte dos leitores não faz a mínima ideia quem sejam ou no que consistem. Nada contra – isto faz com que qualquer leitor se sinta cúmplice e rapidamente imerso no universo Pimpinha. Adiante.

Ficamos a saber que ela esteve em Tânger, e que a experiência foi, possivelmente a mais marcante da vida desta jovem. Passo a ler o que ela escreve: "Tânger é bastante feia, muito suja e as pessoas têm um aspecto assustador." Nunca fui a Tânger, mas já fui a sítios parecidos e subscrevo inteiramente as palavras de Pimpinha. Malditas pessoas pobres, que só estragam o nosso planeta com a sua sujidade e o seu ar assustador! É preciso ser-se mesmo ruim para se escolher ser pobre, quando se pode ser tão limpo e bonito. Quando se pode ser, em suma, rico.

Eu penso que a Pimpinha acertou em cheio na raiz de todos os problemas mundiais da pobreza. Andam entidades a partir a cabeça em todo o mundo a pensar nisto, andou a Princesa Diana a gastar tantas solas de sapatos caros a visitar hospitais, capaz de apanhar uma doença, quando nós temos a Pimpinha com a solução. Se calhar basta lavar estas pessoas, e talvez acompanhem-me neste raciocínio; Pimpinha vai ficar orgulhosa de mim – se calhar basta lavar estas pessoas, e em vez de gastar rios de dinheiro a mandar comida para África, porque não os Médicos Sem Fronteiras passarem a andar munidos de botox. Botox! Reparem: não é fazer cirurgias plásticas a toda esta gente feia que vive nestes países, porque isso seria demais. Mas, que diabo – botox? Vão-me dizer que não é possível ir de vez em quando a estes sítios e dar botox a estas pobres almas? Como o mundo ficaria mais bonito.

Adiante. Pimpinha desabafa, dizendo, sobre as pessoas de Marrocos, "apesar de já ter viajado muito, nunca tinha visto uma cultura assim – e sendo eu loura, não me senti nada segura ou confortável na cidade". Talvez. Mas vamos supor que trocavam Pimpinha por, vamos supor, 10 mil camelos. Era um bom negócio para o Independente. Dos 10 mil, escolhia, vamos lá, 2 para passar a escrever a coluna – o que poderia trazer melhorias significativas de qualidade – e ainda ficava com 9 mil 998. O que, tendo em conta que Portugal está a ficar um deserto, pode vir a revelar-se um investimento de futuro.

Pimpinha prossegue: "Já em segurança, animou-me a festa marroquina, com toda a gente trajada a rigor". Suponho que, para a Pimpinha Jardim, "uma festa marroquina com toda a gente trajada a rigor", tenha sido assim tipo uma festa de Halloween, tendo em conta que os marroquinos são – como a colunista diz umas linhas acima – gente feia como nunca se viu.

Adiante. Ela diz: "A seguir ao jantar, mais um festão que voltou a acabar de madrugada". Calma – esclareçam-me só neste aspecto, para eu não me perder. Portanto, houve uma festa, não é? E a seguir, outra festa. OK. Uma pessoa corre o risco de se perder nestes cruzeiros, com toda esta variedade de coisas que acontecem.

Diz Pimpinha: "Desta vez não deu mesmo para dormir já que fomos expulsos dos camarotes às 9 da manhã, para só conseguirmos sair do navio lá para as 14 horas. Tudo porque um marroquino se infiltrara no barco e passara uma noite em grande, uma quebra inadmissível na segurança".
Ora bom. Ora bom, ora bom, ora bom, ora bom. Portanto, aqui a questão é: viagens a Marrocos e festas com pessoas vestidas de marroquinos, tudo bem. Agora, se pudessem NÃO ESTAR LÁ os marroquinos, isso é que era jeitoso. Malditos marroquinos, sempre com a mania de estarem em Marrocos. E como é que acontece esta quebra de segurança? Eu compreendo o drama de Pimpinha. É que o facto da segurança deixar entrar um estafermo marroquino vestido de marroquino, numa festa com gente bonita vestida de marroquina, isso só vem provar que, se calhar, os amigos da Pimpinha não são assim tão mais bonitos do que essa gente feia de Marrocos. E isso é coisa para deixar uma pessoa deprimida. Temos nós a nossa visão do mundo tão certinha e de repente aparece um marroquino e uma brecha na segurança... Enfim – nada que uma ida às compras não resolva, ao chegar a Lisboa, certo, Pimpinha?

Adiante. Diz Pimpinha: "Já cá fora esperava-nos um grupo de polícias com cães, para se certificarem de que ninguém vinha carregado de mercadorias ilegais – e não sei como é que, depois de tantos avisos da organização, ainda houve quem fosse apanhado com droga na mala!" DROGA? NUMA FESTA DO JET SET PORTUGUÊS? NÃO! COMO? NÃO. Recuso-me a acreditar. Deve ter sido confusão, Pimpinha. Era oregãos. Era especiarias.

Pimpinha Jardim declara: "Mas o saldo foi bastante positivo. Aliás, devia haver mais gente a arriscar fazer eventos como estes". Gosto desta Pimpinha interventiva. Sim senhor, diga tudo o que tem a dizer. Faça estremecer o mundo. E com assuntos que valham a pena. Aliás, era capaz de ser uma boa ideia escrever um e-mail ao Bob Geldof a tentar fazê-lo ver que essa história de organizar concertos para combater a pobreza em África... Para quê? Geldof devia começar era a organizar concertos para chamar a atenção do mundo para a falta de cruzeiros com festas. Isso é que era. Mania das prioridades trocadas. Que maçada.

Mesmo no final, a colunista remata dizendo: "Devia haver mais gente a arriscar fazer eventos como estes – já estamos todos fartos dos lançamentos, "cocktails" e festas em terra".
Aprecio aqui duas coisas: a utilização do "já estamos todos", como se Pimpinha voltasse a acolher o leitor no seu regaço como que dizendo: "Sim, tu és dos meus e também estás farto de lançamentos, "cocktails" e festas em terra. Excepto se fores marroquino, leitor. Se for esse o caso, por favor, exclui-te deste "todos" ou então vai tomar banho antes, e logo se vê".
Depois, é refrescante saber que Pimpinha está farta de lançamentos, cocktails e festas. Eu julgava que nos últimos dias a tinha visto em cerca de 250 revistas em lançamentos, cocktails e festas, mas devia ser outra pessoa. Só pode ser. Confusões minhas.

Em suma: finalmente, há outra vez uma razão para ler O INDEPENDENTE todas as semanas. Tardou, mas não falhou. Pimpinha Jardim é a melhor aquisição que um jornal já fez em toda a História da Imprensa mundial.

Nuno Markl

Férias!

E eis que chega ao fim mais um longo momento de reflexão. Na verdade nem se tratou de um longo período de introspecção, mas sim de 4 semanas de estágio com 2 exames pelo meio. A verdade é que tudo correu bem… correcção, tudo correu MUITO bem, e talvez tenha dado passos importantes na decisão da especialidade que vou seguir, veremos com o tempo.
A pausa natalícia chegou e com ela a vontade de estar com os amigos que tanto tenho negligenciado, pôr as leituras em dia e, porque não, deixar umas palavrinhas no Louca-mente.