segunda-feira, janeiro 09, 2006

Preparado para outra

Sinto que tenho de arranjar um cantinho no estudo para fazer este aviso – estou melhor! Obrigado a todos os que partilharam a minha diarreia!
A verdade é que as viroses são como paixões de verão, chegam depressa, enchem-nos de calor, viram-nos do avesso e no fim fica apenas uma ténue recordação, e esta não fugiu à regra.
Ainda a recuperar as forças, deu para organizar um café com os amigos, uma daquelas noites de cervejolas com os manos, em que nos juntamos à volta de uma mesa a contar anedotas, rir e dar puns (atendendo ao meu passado recente esta última parte correu particularmente bem). E foi neste clima de masculinidade pré-histórica que fui recebendo o feedback das marcas que a doença me deixou.
“Manuel (enquanto coçava a virilha) – Ó mulher tu tás mesmo magra, pá! Ando eu a tomar o laxante e o diurético há meses e tu entras na linha assim em 2 dias…
Joaquim (depois de limpar a garganta e cuspir para o chão) – Tu agora é que ficavas um arraso com as minhas calças de cabedal.
Alfredo (coitado tem nome de maricas mas também é um porco chauvinista) – Olha chega-te para cá que eu também quero uma virose assim!”

Brincadeiras à parte, o facto é que, mais uma vez, o início do ano fica marcado pela minha proximidade com a loiça de casa de banho. Para quem não se lembrar ou não conhecer, recomendo que visite o post “One Night Stand” escrito no mesmo período do ano passado. Espero que não esteja aqui a nascer uma tradição.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Que nojo de post!

Adoro a expressão “virose” e a semelhança com “overdose” não se fica pela semelhança fonética. Estou a delirar e quase a apagar-me, a arder em febre, nunca na vida vi as raparigas dizerem “estás uma brasa com tanta convicção” e a verdade é que, perdoem-me a falta de modéstia, mas concordo mesmo.
Pois a virose chega convenientemente a meio de um estágio curto, logo não vai dar para ficar em casa. Os doentes que se preparem, o maluco com máscara não é o Michael Jackson, sou mesmo eu! Felizmente tudo se resume a febre e dores no corpo todo, nada que um Nimed e um Ben-U-ron não vão ajudando a ultrapassar. É com estes cocktails anti-inflamatórios que vou conseguindo suportar a minha existência precária, com bons resultados já que o alívio das dores ajuda imenso a suportar as corridinhas para o WC de cada vez que os intestinos decidem fazer a bela da descarga. Umas 3 ou 4 visitas à casa de banho a cada quarto de hora estão rapidamente a transformar este lindo espaço no principal pólo turístico cá de casa e que bem que os intestinos estão a funcionar, há muito que a minha “auto-estrada do Sul” não registava tanto movimento. Aproveito para referir que os meus pais procuram uma habitação provisória enquanto a minha barriga não acalmar e pior mesmo é a cara do meu gato, que fareja a casa toda enquanto tenta perceber se o novo aroma é alguma tentativa minha de marcar território.
De qualquer forma acho que as alterações da clareza do pensamento já se espalharam, adorava saber que força sobrenatural consegue levar uma pessoa a ler este post tão pictórico até ao fim. Sei que já muitos pensavam isso acerca dos textos em geral, mas desta vez sou eu o primeiro a assumir – que post de merda.

domingo, janeiro 01, 2006

Porque os anos passam

Para os lisboetas e todos os que conhecem a baixa de Lisboa, chegou o momento de renovar a nossa população de pedintes! Já não é novidade nenhuma passar por um dos ciganitos que tocam acordeão enquanto um cachorro minúsculo arraçado de pulga segura um baldinho onde as pessoas deixam a esmola. Sempre me interroguei se o cachorrito teria noção de que a verdadeira estrela do espectáculo era ele, sinceramente acho que ele não deve estar a ser remunerado em função do seu verdadeiro papel.
Mas não é isso que me preocupa. O problema é a passagem do tempo e os seus efeitos. Ambos os artistas (ciganito e cachorro) envelheceram, e se não me incomoda assim tanto a voz instável e os resquícios de um buço a despontar nos cantos da boca do gaiato, o mesmo já não posso dizer do cachorro, que virou cão (mais propriamente rafeiro magrelas e pulguento), e apesar de não ser propriamente um São Bernardo, também é verdade que está longe dos seus tempos de “coisinha fofa”. Talvez o facto dos cães envelhecerem mais rapidamente que os humanos permitisse uma solução provisória até novos talentos alcançarem as ruas da capital – porque não ensinar o cão a tocar acordeão enquanto o ciganito segurava um balde na boca? Acho que a vontade de contribuir poderia sair revitalizada.