Martunis

Martunis… a primeira coisa que me veio à cabeça quando li este nome foi “Olha o sacana do grego que marcou o golo na final do Euro 2004!”, mas enganei-me! Martunis é o nome do menino indonésio de 7 anos que foi encontrado numa praia 19 dias depois do Tsunami (não confundir com o célebre Kunami fresquinho do insuperável gato fedorento). Além de um bronze invejável envergava também, orgulhosamente (ok, agora já estou a inventar), a camisola da selecção portuguesa.
Não deixa de ser irónico que todos os dias muitas pessoas paguem pequenas fortunas para passar algum tempo em praias paradisíacas a apanhar sol e beber leite de coco, mas no contexto de uma calamidade mundial tudo ganha uma nova dimensão.

Assumo que chorei, não quando vi o resgate do jovem Martunis, mas quando ouvi as estrelas da selecção portuguesa comentarem o achado. Ainda me vem uma lágrima ao canto do olho (amigo Bonga desculpa o plágio) quando recordo as belas palavras de Cristiano Ronaldo “Toca-me muito este acontecimento, principalmente porque ele esteve sozinho 19 dias, tal como eu tenho 19 anos.”… hein?? Isto tem tanta lógica como dizer “Toca-me muito este acontecimento, porque ele tem duas pernas tal como eu tenho dois neurónios”!

Mas voltando ao jovem Martunis, num bonito gesto do povo português, chegou hoje ao fim uma produtiva recolha de… MOBÍLIA! Vamos lá pegar nos ingredientes: catástrofe natural + problemas de saúde pública causados pela falta de higiene + pobreza + fome + não ter um tecto para dormir = Mais de 100 peças de mobília?! Será que ninguém se lembrou de oferecer coisas mais úteis como pegas para o forno, caixas de graxa Búfalo ou um trenó para a neve?

Pois agora surgem dois contextos possíveis:
a) Martunis debate-se com a tristeza de se desfazer da mobília antiga da sua mansão de 5 andares com 20 quartos.
b) Martunis, depois de jantar a pele de uma bela cadeira de escritório, mostra-se indeciso quando tem de escolher uma das 27 camas novas para se deitar dentro da sua palhota. Entretanto racha mais uma perna na sua cadeira Luís XV para manter a fogueira acesa.