quarta-feira, abril 13, 2005

Funerais


Em relação ao funeral do Papa penso que a situação já está demasiado explorada e vou abster-me de comentar para não cair no mesmo erro que critiquei num post anterior. O mesmo não farei em relação ao funeral do príncipe Rainier III. Após ter morrido no dia 6, o funeral só irá decorrer no próximo dia 15 de Abril (9 dias depois).

Depois de alguma pesquisa para explicar um desfasamento de datas tão exagerado e macabro, descobri que a tradição fúnebre dos monegascos dita que após a morte do monarca este só deverá ser enterrado já em avançado estado de decomposição. Durante o tempo após a sua morte, o seu corpo deverá percorrer as casas e os iates de todos os seus súbditos e turistas, e pernoitar nos grandiosos casinos monegascos. Faz também parte do protocolo fúnebre a distribuição de ambientadores em tamanho gigante para garantir que o Mónaco estará restabelecido para receber turistas no Verão… de 2006.

Com a legitimidade de uma experiência familiar recente, e pegando nos exemplos do Papa e do príncipe Rainier III, continua a transcender-me o culto do cadáver que insistimos em fazer. Por muitos motivos que existam para uma pessoa ser recordada pelo que fez em vida, insistimos em criar recordações das pessoas depois de elas partirem.